Teatro Dom Luiz Filipe 4.85

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Largo Luz, nº2
Lisbon, 1600-498
Portugal

About Teatro Dom Luiz Filipe

Teatro Dom Luiz Filipe Teatro Dom Luiz Filipe is a well known place listed as Company in Lisbon , Theater in Lisbon ,

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Details

Em 1814, quando o Real Colégio Militar se transferiu da Feitoria (Oeiras) para o Hospital Real de Nossa Senhora dos Prazeres, situado num dos topos da Alameda da Luz, havia um outro edifício que se destacava do lado poente no qual era ainda visível a ruína que o terramoto de 1755 lhe causara. Do lado sul estavam os restos do que fora o imponente santuário de N. Sra. da Luz. Seguia-se-lhe para norte o extenso piso térreo de um edifício conventual, decapitado dos seus dois andares superiores pelo abalo sísmico que destruíra Lisboa.
 Conta-se que, no lugar desse santuário, teria aparecido a um homem que fora cativo dos árabes quando da falhada conquista de Tanger em 1437, uma imagem rodeada de "luz" igual à que, no cárcere africano, lhe valera às suas súplicas de liberdade.
Nasceu assim uma espontânea devoção popular pela santa e pelo local, a quem deram o nome de "Luz". Seguiu-se-lhe a construção de uma ermida que foi benzida em 1464, sendo por D. João III confiada aos cuidados de freires de Cristo que, até disporem de um convento que se iria construir, ficaram acomodados numa pequena e humilde casa local.
Tal convento só veio a concretizar-se anos mais tarde e, apesar de já dispor em 1599 de algumas condições de habitabilidade, as obras de edificação prosseguiram nos anos imediatos.
O santuário definitivo (de que hoje só existe o que foi a capela-mor) mandou-o construir às suas expensas a infanta D. Maria (filha do terceiro casamento de D. Manuel e irmã de D. João III), para servir a sua jazida eterna.
Com a secularização das ordens militares em 1789, retiraram-se do convento da Luz os poucos freires que ainda ali residiam depois do terramoto. E o que restava do convento foi ficando ao abandono até 1851, quando aí (e no hospital) foi instalado o Depósito Geral de Cavalaria, quatro anos mais tarde mudado para Belém.
Quase decorridas duas décadas, em 1873, o Colégio Militar, depois de deambular por Rilhafoles e, duas vezes, por Mafra, regressou em definitivo à Luz, ocupando então o edifício do antigo hospital e também o outrora convento dos freires de Cristo, cujas instalações se encontravam, como se calcula, em muito mau estado (ficaram conhecidas, até há bem pouco tempo, por "quartéis velhos").
No começo dos anos noventa do séc. XIX, o Colégio Militar tinha instalados no extinto convento, além de diversas arrecadações, um picadeiro, um ginásio e a cavalariça para os corcéis utilizados na equitação dos alunos.
Nos finais desse século, por necessidade de espaço para mais alunos, a caserna dos soldados em serviço no Colégio, os seus lavatórios e o refeitório por elas utilizado foram também transferidos para antigo convento, mas o ginásio e o picadeiro mudaram-se para edifícios próprios construídos no espaço interior do Colégio.

No começo do séc. XX, os "quartéis velhos" passaram a dispor no topo sul uma importante instalação cultural e educativa: um pequeno teatro, destinado a representações teatrais, conferências, concertos musicais e, mais tarde, cinema, que foi inaugurado em 2 de Março de 1903, por ocasião das comemorações do 1º centenário do Colégio Militar, com o nome "TEATRO D. LUÍS FILIPE" (o príncipe que o rei D. Carlos, seu pai, nomeara comandante honorário do Batalhão de Alunos).
Com as transformações e reorganização operadas no Colégio Militar nos anos quarenta do séc. XX, no antigo convento ficou instalada a "Formação" colegial, uma subunidade militar de apoio de serviços (reabastecimento, transportes, oficinas, manutenção de instalações), que integrava também as cavalariças e as instalações dos soldados que já ali existiam do antecedente.
A concretização de um plano geral de infra-estruturas delineado em 1978 para o Colégio Militar e concluído trinta anos depois, permitiu que o edifício dos "quartéis velhos" ficasse definitivamente devoluto no final de 2007.

O convento de freires de Cristo ficou então confiado à Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, que nele tem a sua sede e demais instalações sociais, e que vem procedendo à recuperação e adaptação do conjunto edificado, no respeito pelo património e pela sua traça arquitetónica original (sendo o Teatro D. Luís Filipe atualmente gerido pela Associação Armazém Aér(i)o).