Hotel Solar Bom Jesus 3.46

O Hotel Solar do Bom Jesus ocupa um edifício histórico, recentemente requalificado, tendo a denominação de Solar do Bom Jesus ou Solar de Gil Eannes.
O nome de Solar do Bom Jesus deve-se ao facto de se situar próximo da igreja primitiva de Santa Cruz denominada Igreja do Bom Jesus, pois que a actual é consagrada a S. Salvador. Por outro lado, teve a denominação de Solar de Gil Eannes por ter sido construído nas terras do Morgado Gil Eannes de Santa Cruz.
Trata-se de uma construção do século XVIII, mais concretamente do ano de 1763, conforme comprova a inscrição na cantaria cimeira à porta principal do edifício. O Solar, à época implantado nos domínios de Gil Eannes, nobre comerciante de Santa Cruz, apresenta uma planta rectangular, com uma fachada de composição linear, sóbria e harmoniosa com traços de arquitectura civil e erudita, bem representada e respeitada no seu restauro, salientando-se a sua característica torre, as janelas em guilhotina, as rótulas de cantaria nas janelas e portas, bem assim como a já referida e distinta porta principal. Todas estas referências que se mantêm após o restauro, fazem deste solar um belo exemplar das casas solarengas da Ilha da Madeira e do continente português que estiveram em voga no século XVIII por se tratar de residências de famílias nobres com grande luxo e conforto, normalmente habitada por famílias de elite de uma região. Naturalmente que as condições económicas dos proprietários destas casas diferiam da restante população, tratando-se de edifícios que iam de encontro às necessidades e maiores exigências de conforto, decoração e arquitectura das famílias mais abastadas.
Este Solar terá pertencido à família dos Viscondes da Torre Bela (nobres militares e diplomatas com ligações a famílias aristocráticas europeias) e onde residiu por vários períodos a Viscondessa da Torre Bela (Berlim, 18 de Março de 1839 – Funchal, 9 de Agosto de 1925) conhecida pela organização de grandes festas aristocráticas e filantropia a quem a sociedade madeirense ficou a dever vários actos de caridade e de assistência, um dos quais seria a oferta da sua propriedade Quinta de S. Filipe para a instalação da Escola de Artes e Ofícios do Funchal.
Até muito recentemente o Solar do Bom Jesus esteve num avançado estado de degradação, sofrendo forte erosão e até um incêndio que destruiu por completo uma capela que se encontrava no seu interior.
Felizmente os profundos trabalhos de requalificação e restauro devolveram a dignidade a um dos edifícios mais emblemáticos do concelho de Santa Cruz e mesmo da Região Autónoma da Madeira, mantendo-se na íntegra o traçado e as características originais do Solar, dotando-o de todas as condições arquitectónicas modernas para as funções que ora lhe estão atribuídas.