Teatro da Cidade 1.29

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TEATRO DA CIDADE – Um pouco de história

Meados dos anos 70 e o jovem diretor de teatro, Pedro Paulo Cava, com apenas 24 anos, passa a ser também o diretor e proprietário da Galeria Guignard, situada no Teatro Marília, que na época era o centro da efervescência cultural da cidade e para onde convergiam artistas e intelectuais de todas as gerações: músicos, escritores, pintores, jornalistas mas, principalmente a gente de teatro que tinha no Stage-Door, bar que funcionava no teatro, o seu ponto de encontro.

Com a Galeria Guignard, Pedro Paulo Cava agita o espaço em parceria com Julio Varella que era o diretor do Marília. Traz para a sua galeria não só os melhores artistas mineiros, mas realiza, no período de 1974 a 81, grandes exposições de artistas nacionais e internacionais, além dos primeiros leilões de arte da cidade. Com isto, o jovem teatrólogo amplia seu círculo de relacionamentos e amizades com a classe mais rica de Belo Horizonte: empresários, construtores, profissionais liberais bem sucedidos, banqueiros, políticos, etc.

A Guignard era a primeira galeria de arte da cidade e sua clientela era composta pelos cidadãos de maior prestígio social e poder aquisitivo, mas que também eram dotados de sensibilidade e um olhar generoso para as artes em geral. A cidade crescia, a economia crescia, o mercado de arte estava em franca expansão. Era a época do chamado “milagre econômico brasileiro”.

Um destes frequentadores constantes da Galeria Guignard era o empresário da construção civil, Luiz Fernando Pereira Silva, diretor da Elo Engenharia, uma das mais importantes empresas mineiras do setor. Pedro Paulo e Luiz Fernando logo estabeleceram sólidos laços de amizade e inúmeras vezes será a Elo a empresa que vai apoiar espetáculos dirigidos e produzidos por Cava.

Na contramão da história, Pedro Paulo resolve permanecer em Belo Horizonte quando a maior parte de sua geração vai partir para outros centros em busca de oportunidades nas artes e no jornalismo. Seu sonho acalentado desde esta decisão era ter sua própria casa de espetáculos. E desse desejo, que ele manifestava a todos em várias oportunidades, saiu a promessa de Luiz Fernando de que, se algum dia a Elo Engenharia fosse construir algum edifício comercial, Pedro Paulo teria lá seu espaço para montar sua casa de espetáculos.

Finalmente, em 1986, Luiz Fernando e sua esposa Iracema, fazem uma visita de surpresa a Pedro Paulo em sua casa e abrem sobre a mesa a planta do Ed. Couto e Silva, na Rua da Bahia, onde já estava projetado o espaço para o futuro Teatro da Cidade, cumprindo a promessa de mais de uma década.

Com um prazo de três anos para a inauguração do edifício e do teatro, Pedro Paulo Cava arregaça as mangas e sai a procura de parceiros, patrocínios e apoios visando inaugurar sua casa em 1989.

A Elo Engenharia faria as obras básicas de infra estrutura do teatro e o Teatro de Pesquisa, entidade dirigida por Cava, realizaria a construção do teatro propriamente dito. Nesta etapa entram em cena mais dois diretores da Elo Engenharia que abraçam de corpo e alma o projeto do Teatro da Cidade: Beth e Luiz Carlos Villani.

Sem um tostão em caixa, o Teatro de Pesquisa vai solicitando a colaboração de amigos, empresários, artistas e neste projeto envolve mais de duas centenas de colaboradores e patrocinadores numa campanha por doações de materiais e recursos para erguer um sonho de concreto.

Cava batizou a casa com o nome de Espaço Cultural Elo, que reuniria no mesmo local, além do Teatro da Cidade, uma galeria de arte e um café-livraria.

Foram quase quatro anos de trabalhos árduos em busca de parceiros. Cada item pensado e projetado por Raul Belém Machado e Sybelle Meyer, arquitetos que doaram suas idéias e projetos, Pedro Paulo saia a campo para obter junto às empresas desde parafusos, louças sanitárias e fiação até revestimentos, iluminação e pisos para concluir a obra a tempo de inaugurá-la ainda em 1989.

Não foi possível e a inauguração foi adiada para o ano seguinte. O item que mais pesou em toda a construção e instalação foi a mão de obra, esta sempre paga e ás vezes com muita dificuldade. Pedreiros, mestres de obra, carpinteiros, eletricistas, instaladores, bombeiros, serralheiros, carpinteiros, cenotécnicos, pintores, gesseiros, faziam parte de um time de mais de cinqüenta profissionais que o Teatro de Pesquisa mantinha em sua folha de pagamentos semanal. E os recursos para isso advinham de doações de amigos, empréstimos e aportes via Lei Sarney, nunca suficientes para a fase final de acabamento.

Para piorar a situação, em março de 1990, o famigerado Collor confiscou os poucos recursos que eram mantidos em conta-corrente para fazer frente a todo tipo de gasto necessário para a conclusão do Teatro da Cidade.

O Brasil parou e com ele o sonho de Cava. Como uma parte da obra já estava praticamente pronta, Pedro Paulo resolve inaugurar em maio de 1990 a galeria de arte, que foi batizada de Novotempo Galeria de Arte e abre suas portas com duas exposições magníficas de gravuras de Amilcar de Castro e Fayga Ostrower.

Vai ser a Novotempo com uma sucessão de exposições bem programadas nos dois anos que se seguem, que vai levantar novos recursos para a conclusão do Teatro da Cidade.

Finalmente a obra fica concluída em agosto de 1991 e o Teatro da Cidade–Espaço Cultural Elo, abre suas portas em setembro do mesmo ano com o espetáculo “Boca Molhada de Paixão Calada”, texto de Leilah Assunção, com direção de Pedro Paulo Cava, cenários e figurinos de Raul Belém Machado e tendo no elenco Laura Arantes e Fernando Ernesto.

Ao contabilizar este período, o diretor Pedro Paulo Cava listou os Projetistas, Operários e Cenotécnicos principais, os Patrocinadores da Construção e os Colaboradores Especiais, sem nunca saber ao certo o montante real e total do que foi gasto para erguer aquela que viria ser a primeira casa particular de espetáculos de Belo Horizonte, erguida por um artista e seus amigos e sem estar associada a nenhuma instituição ou empresa que a sustente.

De lá para cá o Teatro da Cidade torna-se referencia na produção teatral de Belo Horizonte e completa 25 anos de história e presença viva na vida cultural brasileira.

Hoje o Teatro da Cidade comemora 27 anos de atividades ininterruptas. Foi a primeira casa construída por artistas destinada a produções próprias. Nestes 10.400 dias, mais de 1 milhão e 800 mil espectadores passaram pela pequena e charmosa casa da Rua da Bahia.

Espetáculos de teatro, música, dança, cursos, conferencias, debates, leituras dramáticas, exposições, lançamentos de livros, foram às principais atividades desenvolvidas ao longo dos anos, fazendo com que o Teatro da Cidade se transformasse em referencia cultural em Belo Horizonte.

De 1991 até hoje, o Teatro de Pesquisa – Cia do Teatro da Cidade – produziu espetáculos adultos e infantis com longa permanência em cartaz e sucesso de público, crítica e vários prêmios, abrindo frente de trabalho para mais de mil profissionais da cena mineira.

Ao longo destes anos, o Teatro da Cidade obteve o apoio e patrocínio de mais de 200 empresas através de marketing direto ou leis de incentivo. Hoje são cinco as empresas que proporcionam a continuidade de nossos trabalhos: Ingleza, Mate-Couro, Unimed-BH, Instituto Unimed-BH, CBMM.

A Novotempo Galeria de Arte (1990/97) e a Pequena Galeria (2007 em diante), realizaram exposições de grandes artistas brasileiros:

Manabu Mabe, Amilcar de Castro, Fayga Ostrower, Aldemir Martins, Pietrina Checcacci, Guignard, Augusto Rodrigues, Peticov, Guilherme de Faria, Fernando Fiúza, José Maria Ribeiro, Yara Tupynamba, Vasconcellos, Décio Noviello, Angelo Issa, Fernando Pacheco, Álvaro Apocalypse, Wakabayashi, Fukuda, Arte brasileira em desenho, Miguel Gontijo, Antonio Poteiro, Gerchmann, Scliar, Konstantin, Mário Bhering, Chico Ferreira, Marisa Innecco, Noêmia Motta, Marité, Selma Weissman, Luiz, Chaves, Cacá Drumond, Thalma, Claudio Tozzi,

A galeria de arte do Teatro da Cidade realizou ainda 8 grandes leiloes de arte no período de 1990 a 2002.