Saúde Criança 4.98

A Associação Saúde Criança (ASC) é uma organização social que trabalha com uma metodologia pioneira para reestruturar famílias de crianças em risco social, provenientes de unidades públicas de saúde, e promover o seu autossustento. Por sua transparência, impacto social e poder de multiplicação, foi eleita , em 2017, a ONG mais influente da América Latina e a 19ª do mundo entre as 500 melhores, pela entidade suíça NGO Adviser.

A instituição foi fundada pela Dra. Vera Cordeiro, médica e clínica geral, com especialização em Psicossomática, que trabalhou por 20 anos no Hospital da Lagoa. Ao atender os pacientes na pediatria do hospital, Vera percebeu que o ato médico não se completava, pois tinha que enfrentar círculo vicioso de miséria, internação, alta, reinternação e muitas vezes morte dos pacientes. A frustração diária a levou a criar um movimento dentro do hospital e junto à sociedade civil para fundar, em 25 de outubro de 1991, o Saúde Criança que aborda a real causa de muitas das doenças tratadas em hospitais públicos: a miséria.

Ouvindo famílias que viviam em situação vulnerabilidade social com crianças internadas, criou junto com voluntários, profissionais de saúde e instituições nacionais e internacionais, ao longo dos anos, uma metodologia social pioneira e revolucionária. Desde então, a Associação recebe pacientes encaminhados pelo Hospital da Lagoa – e, recentemente, pela maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda.

O Saúde Criança atua de forma multidisciplinar e integrada em cinco áreas: saúde, moradia, cidadania, renda e educação. O trabalho se baseia no Plano de Ação Familiar (PAF), conjunto de ações com metas e prazos de execução. O PAF é elaborado, em parceira com a família, por uma equipe formada por assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras e advogados, entre outros. Cada família é atendida, individualmente, a partir das suas necessidades e potencialidades para que possa adquirir autonomia e dignidade.

Atualmente, a metodologia do Saúde Criança está em 31 países, em 23 instituições no Brasil e e inspirou política pública na cidade de Belo Horizonte.

Os impactos de médio e longo prazo obtidos pela Associação foram comprovados pelo Instituto de Políticas Públicas da Universidade de Georgetown, sediado em Washington (USA). Segundo os pesquisadores da Georgetown, de três a cinco anos após terem alta, as famílias – cujo atendimento custa R$ 700 por mês – dobram sua capacidade de geração de renda, e 50% passam a ser proprietárias do imóvel em que moram. Comparativamente, antes da entrada da criança na instituição e anos após alta, há uma redução de 90% no número de dias de reinternação.