Hospital Erasto Gaertner 6

Nos anos de 1920 o câncer era tratado - tanto para médicos, quanto para a sociedade em geral – com tabu, mas o médico Erasto Gaertner via a doença com outros olhos. Erasto se formou pela Faculdade de Medicina do Paraná, hoje Universidade Federal do Paraná (UFPR), no ano de 1925.

Após se tornar professor da Faculdade, Dr. Erasto, junto com alunos da graduação, formou a “Turma dos Tigrões”. Foi a partir desse grupo que surgiu a Liga Paranaense de Combate ao Câncer (LPCC), criada em 8 de março de 1947, com o seguinte ideal:

“Angariar recursos para a manutenção, hospitalização e tratamento dos cancerosos pobres, assim como aquisição de aparelhamento médico-cirúrgico e pessoal para melhor assistir os doentes. Promoverá ainda campanha de educação popular de combate ao câncer”.

Os primeiros aparelhos de radioterapia da Liga ficavam em casarões adaptados do Instituto de Medicina e Cirurgia do Paraná - na Rua Vicente Machado, Praça da Ventura (onde hoje fica o Terminal do Guadalupe) e na Rua Ubaldino do Amaral – sob a responsabilidade do Dr. Antero Sady Pizzatto.

Em 1952, vendo o crescimento no número de pacientes, Dr. Erasto Gaertner, então prefeito da cidade, doou um terreno de 62.500 m² à LPCC. Mesmo com a morte precoce do médico, que sonhava pela cura do câncer, o Hospital foi inaugurado em 1972.

Rede Feminina

Com o objetivo de angariar recursos para a construção de um abrigo para pessoas com câncer, Anita Merhy Gaertner (viúva de Erasto), Edite Pizzatto e um grupo de senhoras da sociedade curitibana, criaram a Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC), em março de 1954.

As mulheres da RFCC faziam um trabalho de captação de materiais de construção e dinheiro e atuavam com políticos e empresários, realizavam bazares, feiras e festas beneficentes, entre outras campanhas. Com o apoio da imprensa e de nomes da televisão, teatro, cinema e rádio da época mobilizaram a sociedade curitibana e tornaram possível a construção do Hospital.

Inauguração e atividade realizadas

No inicio, o Hospital realizava atendimento clínico e cirúrgico. A estrutura era pouca, com apenas com uma sala de cirurgia, um aparelho de radioterapia e uma bomba de cobalto (doada por Paulo Pimentel, então governador do Estado). Com o esforço da comunidade e do voluntariado, foi possível reunir recursos para finalizar e inaugurar efetivamente o Hospital Erasto Gaertner, em 8 de dezembro de 1972.
Entre os primeiros médicos estavam Sérgio Hatschbach, Benedito Valdecir de Oliveira, Massakazu Kato e Marcos Montenegro, que retornavam de especialização em São Paulo para dar início à missão do Dr. Erasto Gaertner.

Em 1973 o número de pessoas atendidas cresceu e o Hospital foi credenciado ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que posteriormente se desmembraria com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Com a preocupação de propiciar ferramentas de qualidade para toda a instituição, foi criada em 1980, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Essa comissão ganhou certificados como: ISO, Acreditação Hospitalar e Boas Práticas de Fabricação, da Anvisa.

Para melhor atender os pacientes pediátricos, que eram atendidos desde 1973, foi inaugurada uma ala específica para crianças em 1979. A Pediatria trouxe o conceito multidisciplinar para a Instituição e as crianças e adolescentes passaram a receber acompanhamento de professores para que não abandonassem os estudos. A área física foi reformada em 2006, com auxílio do Instituto Ronald McDonald e demais parceiros colaboradores.

O Serviço de Próteses Bucomaxilofacial surgiu em 1979, comandado pelo médico Benedito Valdecir de Oliveira e em 1985 se tornou o Instituto de Bioengenharia Erasto Gaertner (IBEG). O objetivo do Instituto é promover a reconstrução estética e desenvolver catéteres e materiais hospitalares para o Erasto e outras instituições. Atualmente, o IBEG é o único fabricante nacional de cateter totalmente implantável.

Em 1985 foi criado o Centro de Ensino e Pesquisa (Cepep), que reuniu pesquisa, estudos científicos, residências, estágios, cursos e especializações e possibilitou que o Erasto, em 2004, se tornasse um hospital-ensino.

Buscando um avanço no diagnóstico precoce da doença, em 1989, foi criado o Centro de Tomografia, hoje Serviço de Imagem, que faz uma média de 2.131 procedimentos por mês. A Campanha do Câncer Bucal, comandada pelo cirurgião dentista Laurindo Moacir Sassi, surgiu neste mesmo período e já atingiu cinco mil pessoas em 24 anos de campanha.

Paralelamente à inovação tecnológica, surgiram novos serviços e áreas de apoio fundamentais, como a Fisioterapia, em 1987, e o Grupo Interdisciplinar de Suporte Terapêutico Oncológico (Gisto), em 1994 – hoje conhecido como Cuidados Paliativos e Tratamento da Dor.

Devido ao elevado número de atendimentos, o Registro Hospitalar do Câncer iniciou suas atividades em 1990. Entre os anos de 1990 e 2009, foram mais de 43 mil fichas preenchidas dentro das diretrizes do Ministério da Saúde.

No final dos anos de 1980 e início dos 1990 a maioria dos pacientes era de outras cidades. Assim, em 1989, com a doação de um terreno pela esposa do ex-governador Jayme Canet Júnior, foi inaugurada a Casa de Apoio Lourdes Canet. Com a mudança de perfil dos pacientes atendidos, a CALC foi transformada em um Centro Administrativo e hoje abriga departamentos internos da Instituição.

Para atender a atual demanda e aumentar o número de atendimentos, o Hospital precisa crescer ainda mais. A Instituição está ampliando suas instalações em uma obra de 3.500 metros quadrados, orçada em mais de R$12 milhões.

Em 40 anos surgem novos desafios diariamente: buscar novas parcerias, fechar o balanço financeiro sem dívidas, ampliar a estrutura, buscar novas tecnologias e serviços. Mas a missão do Hospital de combater o câncer com humanismo, ciência e afeto, permanece. Hoje sem o estigma de dor e da morte, mas sim de esperança e de cura.