Café Brasil 4.91

4.8 star(s) from 133 votes
Rua Elisa Tramontina, 35
Carlos Barbosa, RS 95185000
Brazil

About Café Brasil

Café Brasil Café Brasil is a well known place listed as Food/beverages in Carlos Barbosa , Cafe in Carlos Barbosa ,

Contact Details & Working Hours

Details

Desde que Antonio Martin Guerra comprou o Hotel Brasil de Rogério Luiz Cislaghi, as atividades comerciais se sucederam no prédio, que na época ficava numa das ruas centrais, a Amapá, posteriormente Elisa Tramontina e hoje Calçadão.
Inicialmente, o local era exclusivamente um hotel, como lembra Lira Maria Regla Bavaresco, 70 anos: “Os quartos ficavam em cima, eram em torno de dez, e embaixo era o salão de entrada, com algumas mesas onde os hóspedes almoçavam”, conta.

Na infância, Lira morava no casarão ao lado do Hotel Brasil e chegou a brincar com as filhas de alguns veranistas. Quem cuidava dos hóspedes e da arrumação dos quartos era a esposa de Antonio, Elza Spessatto Guerra.
Ninguém sabe quando surgiu o popular “Café Brasil”, já que o lugar nunca teve este nome – sempre foi o “Hotel Brasil”. Na década de 50, uma parte do térreo foi alugada pela família Guerra para que outras pessoas administrassem a área do bar e restaurante.

A partir de então, foram diferentes proprietários. Um deles, Ervile Dalcin, tornou o restaurante popular pelo saboroso mondongo servido no domingo de manhã,após a missa.

Nilo Bavaresco e sua esposa Silvina alugaram o café em 1969. Hoje eles têm, respectivamente, 71 e 66 anos, e lembram com saudade da época. No começo, alugaram o bar de Alberto Dalcin numa sociedade entre Nilo, Vilson Bavaresco e Darci Balbinot; logo, ficaram apenas Nilo e Silvina. Vilson montou ali a sua barbearia por algum tempo.

O casal Bavaresco foi o que mais tempo permaneceu no comando do estabelecimento, de 69 a 1980. “O bar estava indo à falência quando pegamos. Cheguei lá e não tinha nada para vender, nem bala nem cachaça”, lembra Nilo.

Silvina, que era a cozinheira-chefe, lembra que o trabalho ia até as quatro da madrugada em noites de festa de casamento. Nesta época, o Café Brasil era conhecido pela venda do churrasco preparado por Joanin Dal Bó. “Vendíamos 120 quilos entre frango e churrasco todo domingo”, lembra Silvina.

Nesta época, também, uma parte do térreo foi utilizada como rodoviária improvisada, enquanto Antonio Guerra construía o prédio para abrigar a estação, logo ao lado.

Dory Amália Carlotto Zanatta, 80 anos, lembra que o Café Brasil teve uma das primeiras sorveterias do município. E era produto caseiro, feito de madrugada numa máquina chamada sorveteira. A própria Silvina produziu bastante sorvete. “Tinha fila até na esquina para comprar”, garante ela.

Quando Nilo vendeu o bar, outros proprietários se estabeleceram. Depois, ficou alguns anos fechado. A última a alugar o espaço foi a confeitaria Mangiare & Mangiare, nos anos 90, quando o edifício foi quase totalmente reformado.

Durante todos estes anos, apenas o térreo era alugado. Elza Guerra continuava administrando um misto de hotel e pousada no segundo pavimento, praticamente até sua morte, nos anos 90. Depois, a Biblioteca Pública Municipal Padre Arlindo Marcon mudou-se para o piso superior por alguns anos.

RESTAURAÇÃO

Um dos prédios mais tradicionais do Centro da cidade – e um dos poucos que permaneceu inteiro quando todos os edifícios antigos começaram a ser demolidos –, o Café Brasil renasceu no século 21. Há duas semanas, o prédio restaurado voltou a funcionar como bar e café após quase uma década fechado.

A reforma foi bancada pelos três atuais proprietários do prédio, Lourdes Guerra Sfoggia, Rosa Maria Guerra Sfoggia e Renato Guerra, todos filhos do falecido Antonio Martin Guerra, que comprou o então chamado Hotel Brasil de Rogério Luiz Cislaghi.

Foi Cislaghi quem construiu o edifício, em 1932 (a data está gravada em relevo na fachada). Era muito comum, naquela época, os moradores dos grandes centros urbanos (como Porto Alegre) viajarem para passar alguns dias nas cidades do interior durante o verão, muito antes do hábito de ir à praia. Eles eram chamados de “veranistas”, e a então vila de Carlos Barbosa chegou a ter três hotéis no Centro.

Cislaghi era viúvo e, quando casou-se pela segunda vez, foi morar em Caxias do Sul, vendendo seu hotel para Antonio Martin Guerra, que assumiu o comando dos negócios entre 1946 e 47. Desta data até os dias atuais, o popular “Café Brasil” abrigou diversos estabelecimentos.

Quando os atuais proprietários decidiram reformar o prédio, que estava fechado há alguns anos, contrataram o escritório de arquitetura de Fernanda Sfoggia e Fabio Rogerio Basso para fazer o projeto de restauração – baseado principalmente em antigas fotografias do Hotel Brasil.

Os arquitetos optaram por restaurar o exterior, mas tiveram que trocar todo o interior, onde a madeira estava infestada de cupins ou apodrecida. Surpresos, descobriram que não havia vigas sustentando o piso do segundo andar, mas sim cabos de ferro amarrados às tesouras do telhado! Na reforma, optaram por colocar vigas para sustentar o novo assoalho.

“As paredes de alvenaria têm 30 centímetros de espessura, e na fachada os tijolos foram assentados com barro”, lembra Fernanda. “Mas toda a madeira foi trocada, assim como o telhado, a fiação elétrica e toda a parte hidráulica. Dentro não sobrou praticamente nada do prédio antigo, porque não tinha como conservar”.

A pequena sacada na fachada, que havia sido retirada na reforma anterior, foi reconstruída; o nome de Antonio Martin Guerra, proprietário do prédio, também voltou a ser pintado na fachada. Todas as esquadrias foram trocadas, mas mantendo o formato original.

No segundo pavimento, todas as divisórias de madeira dos vários quartos do velho Hotel Brasil foram retiradas. Sobrou uma sala de 187 metros quadrados que será alugada (inteira ou dividida. A restauração começou em 14 de agosto de 2006 e durou sete meses.

Fonte: Felipe M. Guerra - Jornal Contexto