Bodega do VEIO ou Bodega de Véio 4.42

Rua do Amparo, 212
Olinda, PE 53020190
Brazil

About Bodega do VEIO ou Bodega de Véio

Bodega do VEIO ou Bodega de Véio Bodega do VEIO ou Bodega de Véio is a well known place listed as Tours/sightseeing in Olinda , Tours & Sightseeing in Olinda ,

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Details

É um local de encontro de jovens, turistas e moradores da cidade de Olinda. Uma charmosa Bodega em funcionamento há 30 anos e seis funcionários. O espaço é de propriedade do senhor Edival Hermínio da Silva, conhecido como o Véio, que reside no mesmo local, na parte superior da Bodega.

Horário de funcionamento:

Toda Terça-feira, a partir das 19h, acontece a Noite do Vinil,um DJ que toca clássicos nacionais e internacionais, além de uma feira onde pode-se comprar e trocar discos clássicos.

Atividades:

No período diurno, funciona como uma mercearia, com venda de feijão, arroz, manteiga e uma variedade de frios e bolos. Durante o período da noite, o local é um atrativo para turistas e moradores da cidade, com uma programação bem diversificada, como Noite do Vinil e Chorinho.

Histórico:

Na Rua do Amparo, Cidade Alta de Olinda, uma pequena bodega abriga uma grande história de vida. Ponto de encontro entre os mais diversos grupos sociais e culturais da noite olindense, a Bodega de Veio tem na sua existência a realização de um sonho. O sonho de vida de Edval Hermênio da Silva, de 52 anos, o Veio do nome do local.

O nono de 18 irmãos, Veio, como é chamado por todos, ganhou esse apelido ainda na infância. A origem, no entanto, é um mistério. "Desde que nasci, meus irmãos mais velhos me chamam assim, mas não sei o porquê. Quando eu era jovem, não gostava, mas hoje as pessoas só me conhecem assim; o nome ficou forte", relata, com um sorriso no rosto. Tão forte, conta ele, com uma pontinha de orgulho, que uma empresa de São Paulo até quis comprar uma franquia da famosa Bodega de Veio. "Se fosse Bodega do Manoel, ou de outro nome, talvez não tivesse dado tão certo", acredita. Mas ele não aceitou o negócio. A Bodega de Veio é única. E a história do local se mistura com a do dono.

Comprada em 1981, mesmo ano do casamento de Edval com Maria Bernardete, a bodega não apenas é o local de trabalho dele, como de parte de sua família. Pai de quatro filhos, dos quais três ajudam a tocar o negócio da família, Veio conta que tem no estabelecimento mais do que uma fonte de renda. "Essa bodega é a minha vida. É a coisa que mais amo, faço por amor", conta, realçando o fato de que foi com o trabalho duro no local que pode dar aos filhos a educação que não conseguiu receber. "Falta pouco para eu realizar todos os meus sonhos. Um que faltou foi o estudo, o anel no meu dedo", lamenta. Ainda assim, diz que não pensa em voltar a estudar. Está muito cansado.

Nascido em Limoeiro, no Agreste pernambucano, o Veio só foi à escola entre os 13 e 14 anos de idade. Ele admite que não queria ir no primeiro dia e que quase apanhou por isso, mas se apaixonou pelo ato de aprender. "Era uma tristeza quando eu tinha que faltar, mas meu pai queria que eu trabalhasse; achava que estudo não dava futuro". No ano seguinte, chegou a ir a algumas aulas, mas o trabalho ficou mais pesado e foi obrigado a largar os estudos.

Nesse um ano que frequentou a escola, aprendeu a ler, escrever e "fazer conta", mas foi com o pai que aprendeu a arte que domina com maestria: a dos negócios. "Ele não me deu estudo, não me deu dinheiro, mas me deu ensinamento de vida. Era analfabeto, mas me ensinou a trabalhar", conta. E ensinou cedo.

Veio lembra que, quando tinha uns seis anos de idade, ia buscar gado com o pai, que ainda era boiadeiro, e prestava atenção em como a negociação era feita. "Uma vez ele foi na casa de uma mulher e comprou uma vaca e um bezerro por 100 contos de réis. Depois, na feira, vendeu apenas a vaca por 120", rememora, sem esconder a admiração pelo pai. Nessa época, a família vivia em uma roça com cerca de 200 m², fruto de uma herança recebida pelo pai. Dez anos depois, quando Veio, já com 16 anos, decidiu deixar Limoeiro para tentar a vida no Recife, o pai já contava com uma propriedade de 150 hectares.

NEGÓCIOS – Veio conta que, aos 8 anos, já brincava de ser bodegueiro. Os 'melões de SãoCaetano' faziam as vezes de carne. A cana-de-açúcar, cortada em pedacinhos, eram cocadas. Depois, subia no pé de trapiá e tirava algumas folhas, que seriam utilizadas como dinheiro na brincadeira. "As folhas grandes valiam mais; e eu já negociava nessa época."

Com 10 anos, ganhou 5 contos de réis do avô. E decidiu fazer o dinheiro render. Ganhou do bodegueiro Mané Carlos uma lata de cream cracker vazia e nela colocava cem bolos de goma que comprava, a 5 contos, nos sábados. No dia seguinte, partia para o campo de futebol da cidade e, cantando, vendia a compra do dia anterior por seis contos.
"Ó o bolo, freguesia! Quem tem dinheiro, come, quem não tem, espia."

Com o lucro, comprava cocadas, pães e biscoitos, que comeria mais tarde, escondido, na companhia da mãe. “Não dava para dividir com todos os meus irmãos. Então, eu comia com ela e, o que sobrava, era dividido entre eles”.

Apesar da pouca idade, Veio já entendia lucro e prejuízo. Conta que tinha vontade de comer os bolos que ofertava nas partidas de futebol que animavam a cidade, mas não queria perder dinheiro. "Depois que eu vendia tudo, batia a lata e comia só o pó do bolo", relata.

Já aos 13 anos, seu pai lhe "deu" um garrote, mas avisou que, quando o bicho fosse vendido, queria sua parte. 120 cruzeiros, na época. Veio lembra que saía na chuva só para poder pegar o capim mais verde pro bezerro, que foi vendido dois anos depois. Com o dinheiro, pagou os 120 cruzeiros do pai e comprou outro garrote. Três anos depois, aos 16, vendeu o segundo bicho e comprou mais três, que ficaram na roça do pai quando ele decidiu tentar a vida na cidade.

Ao chegar ao Recife, em 1976, conseguiu seu primeiro emprego de verdade. Trabalhou por 2 anos e 8 meses ganhando um salário mínimo, num armazém que também servia de moradia. Como trabalhava muito, não tinha tempo de gastar o que ganhava - assim, economizou boa parte do salário e, com o dinheiro da venda dos três garrotes que tinham ficado na fazenda do pai, comprou sua primeira bodega, junto com um dos irmãos.

Localizada na Avenida da Saudade, em Olinda, o primeiro negócio do Veio não tinha movimento o suficiente. Cinco anos depois, em fevereiro de 1981, cerca de sete meses antes de se casar, ele comprou a atual bodega, com a qual já “namorava” há um tempo, e alugou a casa que fica conjugada a ela. Foi nessa casa onde seus filhos nasceram e cresceram e três deles ainda moram.

E nesses trinta anos que se passaram, muitas histórias já foram vividas e contadas na bodega. O negócio já quase quebrou, grandes amizades foram construídas com e entre os fregueses, a bodega deixou de ser apenas mais uma mercearia e virou um foco de cultura na cidade olindense, e o Veio, que veio lá de Limoeiro, passou a ser o Veio da Bodega, em Olinda.

fonte: http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/vidas-em-perfil/noticia/2011/09/25/o-veio-da-bodega-299701.php