Atelier Zelianarte 2.27

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Há muitas formas de contar uma história: narrativas longas e realistas, contos curtos com uma moral ao fim... e algumas são tão turbulentas que nos fazem perder o fio da meada. Esta aqui, por obra do acaso ou do destino, já parece ter um começo – o próprio fio, nossa matéria-prima mais essencial.

E ele vem de longe. Na mitologia grega, o destino humano é também um fio, tecido, enrolado e finalmente cortado por suas três fiandeiras. Histórias, afinal, têm começo, meio e fim, e o momento do corte de algum modo as definem.

Pois então esta história começa com um corte: em 2006, recuperando-se de uma trombose cerebral, Zeliana foi aconselhada a buscar uma atividade que “lhe desse prazer”. Mas o que é prazer? De onde viria esse estímulo que lhe permitiria reatar as pontas da vida? Há anos sob a garoa de São Paulo, ela acaba por buscar na sua origem cearense um afeto antigo... terra de cores quentes, de ritmos cadenciados e de comida cheirosa – sobretudo terra de bordadeiras, mulheres fortes, empreendedoras, transmissoras de uma rica tradição. Zeliana começa a bordar.

Uma loucura, né?, deixar uma carreira na área da saúde, assim, pra bordar? Era o que muitos pensavam. Carinho, pra bem e pra mal, tem esse efeito colateral que é a preocupação... mas Zeliana continua. E borda. E borda escondido até se convencer de que em suas mãos algo único se concretizava. Agora era só convencer os outros. Em 2008 ela obteve o certificado de artesã pela Subsecretaria do Trabalho Artesanal nas Comunidades (SUTACO), e a mulher não parou mais: em 2013 abriu uma microempresa individual e passou a agregar outras colaboradoras, a divulgar, a ensinar...

Final feliz? Ainda não, que esta história tem muita linha pela frente. Pois tanto bem, tanta melhora, tanta alegria vinda de uma coisa tão singela... não pode ser uma fantasia. Pode? E não era. Zeliana percebeu ali, na realização do trabalho artesanal, uma atividade que movimenta a vida, muda nossa forma de olhar para ela, redimensiona problemas outrora tão grandes – passo a passo, um ponto por vez. Em 2015, ela concluiu sua pós-graduação em arteterapia: uma aposta de que é possível tomar a vida nas mãos e fazer dela algo lindo. Afinal, o fio o mundo dá, mas quem borda somos nós!

Se por ventura o corte que define nosso destino nos pegar de surpresa, é possível arrumar... por que não? Pra tudo se dá jeito, nem que seja de outro jeito. Zeliana achou por bem não fazer emendas na vida (nem nos bordados!), mas acolher o que a sua história lhe ofereceu... O ponto final de todo esse processo – ainda em confecção, diga- se de passagem – é Zelianarte: o lugar onde ela tece o seu trabalho mais bonito.